terça-feira, 27 de setembro de 2011

Amor esquecido - Parte 3 (última parte)



Agora haviam passado já mais de vinte anos e Letícia tinha consciência de que a sua mãe apenas morreu devido à indolência do pai perante ela. Desde que o pai se entregara à polícia quando ela era ainda bebé, que nunca mais o tinha avistado, apesar de saber que ele estava preso numa prisão bem perto dali. Na verdade, ansiava esse dia, não sabia que sentimentos a iriam dominar quando estivesse frente a frente com o homem que lhe matou a mãe mas que, ao mesmo tempo era o seu pai, ainda que ela não o visse como tal.
Letícia sentia-se na obrigação de vingar a morte da sua mãe, aliás, era da opinião de que independentemente do assassino ser seu pai, ele deveria sofrer tanto quanto fez sofrer Anne e tanto como Letícia sofre ao pensar que a mãe morreu tão nova e que a deixou mesmo antes de ela aprender a dizer “mãe”. A vida fez dela uma pessoa revoltada e a tristeza dominou anos a fio o seu coração, é incrível pensar que, quase 18 anos depois da morte da mãe ela ainda sentia a mesma dor, a mesma instabilidade, a mesma nostalgia que ninguém conseguia apaziguar, e que ainda chorava todos os dias por aquele ser que a trouxe ao mundo e que infelizmente não teve oportunidade de conhecer devidamente. Restavam-lhe algumas poucas fotografias daquela bela jovem de 17 anos e um colar de ouro que Anne costumava trazer ao peito e no qual havia inscrito o nome de Letícia e uma foto de ambas antes de sair da maternidade.
Letícia sabia o pai ainda tinha longos anos de pena para cumprir e que tão depressa não iria cruzar-se com ele.
Os anos passaram, e esta jovem profundamente marcada pela dor da perda, acabou por se apaixonar. O medo de sofrer nas mãos de um homem (tal como aconteceu com a mãe), aterrorizava-a mas, ao revés do que aconteceu com a mãe de Letícia, Brian (assim se chamava o seu amor), teve sempre muita paciência com Letícia e mostrou-se sempre disposto a esperar por ela, o tempo que fosse preciso. E assim foi, ele esperou e não se cansou e hoje são marido e mulher, pais de uma menina linda a quem chamaram de Anne e de um rapaz muito reguila a quem deram o nome de Mark.
Letícia aprendeu que o amor não é necessariamente um motivo de sofrimento e que ao contrário disso, ele nos pode deixar e fazer muito felizes. Um sorriso não elimina a dor, mas ajuda a apaziguá-la.
Letícia e Mark aprenderam a sorrir juntos e a ajudarem-se mutuamente. Não deixaram que os percalços habituais da vida em comum derrubassem o amor que sentiam um pelo outro e são um exemplo vivo de duas pessoas que se amam e respeitam com dois lindos filhos e muito amor para dar.
Sobre Jonh, sabe-se apenas que acabou por morrer na prisão vítima de espancamento e que de uma forma ou de outra, acabou por sentir na pele o mal que fez e decerto que aprendeu a lição…
O amor é algo, um algo imenso e inconstante, morde e assopra, pisa e volta a pisar, magoa mas, acima de tudo, é vida, felicidade e ternura.
FIM!
(Gostaram??) 

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