sábado, 31 de agosto de 2013

Persistir

Há momentos na nossa vida em que perdemos as nossas forças momentaneamente. Achamos que chegámos o limite, que não dá mais, que é impossível continuar assim. Depois percebemos que não temos outra opção senão continuar a lutar, continuar a contrariar aquele pessimismo que teima em assombrar o nosso subconsciente, e que, no final acaba por ser apenas puro lixo mental. Acreditar. Ter fé, e quando falo em ter fé, não me refiro só em Deus - até porque alguns, não (re)conhecem. Ter fé é também persistir, manter a esperança viva, até que uma luz lá ao fundo se acenda e nos mostre o caminho. Nem sempre o caminho que escolhemos é o caminho certo, às vezes é só o mais fácil e é nele que encarreiramos, mas eu acredito que escolhas erradas também nos podem levar a caminhos certos, com persistência e vontade. Nós somos assim. Por mais hierarquias que se criem e por mais que a sociedade insista em não ver os seus próprios defeitos mas em apontar os dos outros. Nós somos todos feitos da mesma matéria e dotados de sentimentos, bons e maus, e de instintos, de vida e morte. E tudo isto é um ciclo, que de ciclo pode até não ter nada. As linhas estão definidas, mas entre elas muito pode acontecer. E cada vida é uma vida. Única. Distinta. E cabe-nos a nós vivê-la. Lutando e Arriscando. Sonhando e Sorrindo. Persistindo. 


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Caminhos

Frágil. Sinto-me frágil. Prestes a partir a qualquer altura. Como um vidro pouco espesso que caminha na direcção do chão. Sinto-me presa a alguém que não quero ser, num mundo que tomou conta de meu caminho e me fez deixar levar sem saber por onde estava a ir. Deixei-me guiar, ao sabor do vento, por caminhos esguios que me fizeram ser tão inconstante quanto me tornei. E hoje sinto-me estranhamente frágil, talvez por ter abdicado de tomar rédeas de mim própria e deixar que o tempo fizesse tudo sozinho. Perdi-me no meio do mundo. Sinto-me pequenina neste sítio tão grande que desconheço, rodeada por tantas pessoas diferentes. À deriva num mar de gente e de sentimentos. Nem um refúgio, nem um sítio para onde possa fugir e escapar a esta realidade onde vim ter, sem querer. Acredito que ainda vou a tempo, a questão é que, não há tempo, não há tempo pra fazer planos e delinear estratégias, é preciso agir já, tomar as rédeas de mim e guiar a minha vida rumo aos meus sonhos, pelo caminho da felicidade. Não há tempo a perder, mas também não vou fazê-lo a correr. Um dia de cada vez, e um passo atrás do outro, na mira de conhecer esse caminho feliz que todos procuram, entre 1001 que não nos levam a lado algum. Encontrá-lo é o desafio, o desafio da vida, e se até agora não o procurei, está na altura de o fazer. Porque cada dia que passa é menos um e já perdi demasiados para me dar ao luxo de perder ainda mais. 

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Pessoas

Pessoas são fragmentos. Pedaços encaixados entre si. Histórias, vidas suspensas, presas a um fio de nylon. Seres complexos e abstractos, talvez por isso sejam os mais estudados. Pessoas preenchem a vida de pessoas.
Não sou ninguém para as julgar, mas, no geral, as pessoas são o bicho mais difícil e perigoso que existe na face da Terra. Ao contrário do que muitos pensam, pessoas não têm limites e são capazes de coisas inesperadas e surreais. Pessoas transformam-se e revelam-se quando menos se espera. Pessoas têm o instinto de matar e, quando o lema é sobreviver, chegam a fazer de tudo, sem barreiras, nem que para isso possam ter de passar por cima de outras pessoas. Pessoas são as responsáveis pelas desilusões e tristezas das pessoas. 
Mas, pessoas não têm só um lado mau, ainda que algumas só revelem essa parte de si. Pessoas também criam laços, desenvolvem sentimentos bons, como a amizade e o amor, mas esses, bem, esses são subjectivos porque podem transformar uma pessoa e levá-la a cometer erros cruciais e a quebrar todos os supostos limites. São interesseiros. 
Não são precisas grandes filosofias para perceber que cada pessoa é diferente e isso é bom, eu acho. Pessoas diferentes completam-se, aprendem umas com as outras, discordam, mas em dose certa, isso é saudável. Pessoas parecidas podem resultar em conjunto, mas ao fim de algum tempo a monotonia da igualdade pode degradar a relação. Por outro lado pessoas completamente distintas passam a vida a discutir e isso torna-se penoso. 
Pessoas podiam ser feitas de doses, uma dose de compaixão e carinho, uma dose de paciência e divertimento, uma dose de amor e amizade, e por aí em diante... mais e mais doses de coisas boas que fabricariam pessoas boas, em série! Mas... não é assim que funciona, cada pessoa é diferente e nasce com a sua própria personalidade, embora possa moldá-la com o tempo, ela está lá e é inevitável contrariá-la no seu todo. 
Assim, reafirmo a minha tese de que pessoas são fragmentos, de si e dos outros, do que já nasceu com elas e do que aprenderam ao longo da vida, do que lhes vai na alma e dos laços de sangue e de coração que estabelecem entre si, de aventuras, de olhares e conversas, algumas mais controversas que outras. Pessoas são trechos de emoções e sentimentos, de impulsos e de sonhos, de vontades e ambições, mas também de medos, inseguranças, incertezas, perguntas com e sem resposta, pessoas são essa matéria complicada e difícil de descrever, porque tanta diferença e tanta igualdade numa mesma espécie torna cada pessoa única, nos seus defeitos e nas suas qualidades.