sábado, 28 de abril de 2012

Mundos paralelos



Outrora desaparecida, estou de volta ao ciclo da vida,
Aquele onde constam dias felizes e dias tristes,
O ciclo sôfrego que me faz duvidar do que sou,
Que me oprime de mim e me faz sentir saudade.

Ciclo inconstante e imerso em lençol de cetim, 
Onde as andorinhas dançam e os rouxinóis cantam,
Onde a Lua se ri para o Sol e a noite parece embalar,
Lençol de recordações manchado a carvão.

Mundo este onde crianças têm rosto de anjo,
E numa tela infinita pintada de palavras e expressões,
Esvoaçam pássaros com asas de poema,
E homens que lançam maldições.

É um mundo de cores, amores e desamores,
É o infinito pintado de palavras e luar,
Uma tela cheia de nada ou de um tudo invisível,
Versos de terra com letras a germinar.


quarta-feira, 25 de abril de 2012




25-04-2012 a 02-05-2012 

"A liberdade começa em nós, e no nosso desejo de nos libertarmos."

Não fosse hoje dia 25 de Abril, um dia que ficou assinalado na nossa história como um ponto de viragem. Acima de tudo acho que a liberdade não depende só do que nos deixam ou não fazer, ou do que fazemos sem prestar contas a ninguém. Em nós também é preciso haver liberdade, para nos expressar-mos, para nos dar-mos aos outros, para expelirmos o que nos mantém presos dentro de nós. É preciso que nos permitamos sonhar, ir mais além, é preciso que façamos de nós pessoas com horizontes e não nos obriguemos a viver dentro de uma redoma de vidro sem saída. É preciso que nos concedamos a liberdade para sermos felizes. A liberdade também é uma escolha. Dentre disto há atitudes que escravizam e outras que libertam... As atitudes que escravizam são aquelas que alguém toma e que como consequência retiram a liberdade de outras pessoas, obrigando-as a abdicar da sua liberdade de escolher o caminho que querem seguir, mas, também quando nos deixamos levar por maus caminhos. O individualismo, que nos trás a solidão, o egoísmo (querer tudo só para nós), o ódio, a revolta, a mentira, o pecado, e os vícios, são coisas que nos escravizam porque nos levam à melancolia e nos desviam do caminho da felicidade, tirando-nos a liberdade que possuímos para sermos felizes e procurarmos o bem. Já o amor, o conhecimento, o discernimento, a responsabilidade, são coisas que nos libertam, levam-nos a rejeitar o mal e a procurar o bem. 

Se eu e as pessoas da minha idade somos livres?

Na minha opinião, as pessoas da minha idade são livres (apesar de haver exceções). A liberdade é um desafio que teremos de encarar a vida toda, bem como aprender a usar a nossa liberdade sem que afetemos a liberdade dos que nos rodeiem e antes pelo contrário, ajudá-los a libertarem-se. Temos a capacidade de optar, mas sabemos que as nossas opções têm consequências… Temos amor para dar e, como a meu ver as crianças são dos seres mais puros, temos o nosso coração revestido de carinho, alegria, e esperança, pondo de parte a tristeza, o ódio, a revolta e todo esse conjunto de coisas que nos escraviza, corrói e magoa. Mas, seremos mais livres ao procurarmos liberdade para os outros.

segunda-feira, 23 de abril de 2012



Diário de Coimbra, 21-04-2012
"Jovem de 13 anos é a autora do "Diário de Filipa"

A qualidade não é das melhores, mas enfim... conta a intenção.

O que diz no "corpo da mensagem" é o seguinte:
"Ana Filipa Batista, de 13 anos, aluna do 8º ano do Colégio da Imaculada Conceição, em Cernache, alcançou o primeiro lugar da Fase Distrital do Concurso Nacional de Leitura (3º ciclo), cuja eliminatória decorreu no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, na passada quarta-feira. 
Após uma prova escrita em que participaram os representantes das escolas do distrito de Coimbra, Ana Filipa foi apurada com outros cinco participantes para a prova de argumentação, leitura e declamação, com os resultados finais a darem-lhe a vitória. A estudante do 3º ciclo terá agora de prestar provas em Lisboa na final nacional do concurso, com os representantes dos vários distritos.
«Leitora assídua e apaixonada, encantou o júri com a sua capacidade de comunicação», lê-se numa nota do colégio, com a jovem a elogiar esta iniciativa do Plano Nacional de Leitura. Autora do livro "Diário de Filipa", a jovem dinamiza ainda, desde 2010, o blogue "Poesia a Brincar".

sábado, 21 de abril de 2012

Olá! Bem, hoje madruguei e nada melhor do que vir logo pela manhã até ao blogue e constatar que ontem fomos visitados por uns quantos países, que bom!
E que tal se começássemos logo de manhã por responder a mais uma pergunta de um leitor?! Vamos a isso...
Está "no ar" a rubrica...



Desta vez, a pergunta escolhida chega-nos de Sintra, e foi-me enviada por uma menina de 13 anos, a Andreia Cardoso, a quem desde já quero agradecer a colaboração nesta rubrica. Aqui está o seu e-mail...

"Olá Ana Filipa. Tenho 13 anos, sou de Sintra e chamo-me Andreia Cardoso. Sou uma leitora constante do teu blogue e fico muito feliz por saber que ganhaste a fase Distrital do Concurso Nacional de Leitura. Gostava de saber como consegues manter-te sempre tão positiva e como consegues sempre ter essa coragem para seguir em frente e chegares aos teus objectivos. Espero a tua resposta. Beijinhos."

- Olá querida Andreia! Fico muitíssimo feliz por responder à tua questão! Obrigada por visitares o blogue e pelas tuas palavras no e-mail que, como já vem sendo habitual, me deixam muito contente e orgulhosa. 
Nem sempre é fácil manter-me positiva, apesar de não parecer, sou uma pessoa bastante negativista, embora esse negativismo se manifeste, na sua maioria, em relação a mim própria e nos meus pensamentos. Acho que temos de acreditar que é possível, temos de ter sempre presente uma réstia de esperança, embora tenhamos de ter sempre muito cuidado com as desilusões e ilusões que por vezes se atravessam no nosso caminho. O ideal é sempre procurar um ponto de equilíbrio. 
Também tenho problemas, aliás, por vezes publico coisas menos alegres, é normal... a vida não são só sorrisos e alegrias, também existem problemas e dias menos felizes, eu não sou excepção.  Apesar de tudo, acredito sempre que é possível, acredito na nossa força interior, acredito que somos capazes e que temos sempre forças onde menos esperamos. Por isso transmito tantas vezes esta mensagem de esperança, força, coragem... e sei que muitas vezes quem me lê se sente encorajado, mas essa coragem não parte de mim, mas sim de cada um de vós, só sirvo para vos lembrar que a têm e que a devem utilizar. É assim a minha perspectiva... é assim que, apesar de todos os problemas e tristezas, de todas as desavenças, me preparo para erguer a cabeça, seguir em frente e... sorrir!
Espero ter-te esclarecido,
Beijinhos, Ana Filipa. 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Concurso Nacional de Leitura 2012


Hoje foi um dia "em cheio", o blogue contou com visitas de Portugal, do Brasil, dos Estados Unidos da América, da Bélgica, da Alemanha e da Suécia :)

Além disto... fui concorrer para a fase distrital do Concurso Nacional de leitura, na Figueira da Foz... A aventura começou ás 11h15 e prolongou-se até às 22h00. E sabem que mais?! GANHEI! Fiquei em 1º lugar do distrito de Coimbra e agora vou à fase final em Lisboa, cuja data ainda não está definida.
Logo que possa, amanhã talvez, coloco algumas fotos deste maravilhoso dia!
Beijinhos... agora, vou descansar :)

terça-feira, 17 de abril de 2012

Para descontrair do stress semanal...

Ontem, estava eu e a minha mãe no fórum quando de repente...
Eu digo: Oh mãe, já sei o que quero de prenda de anos... Adivinha!!!
Mãe: Não sei! 
Eu: Por mais que tentes não vais adivinhar :)
Mãe: Então diz lá!
Eu: Então é assim... eu quero... um PAPAGAIO!
Mãe: Um papagaio??! :O
Eu: Oh mãe... sim, um papagaio, ó menos sempre tenho alguém que me ouça sem se queixar e que me faça companhia...
Mãe: e quanto é que isso custa?
Eu: Sei lá, uns 100 €, mas não te preocupes que eu vou ver na net!

...
Horas depois, já em casa, enquanto procuro papagaios na internet e apercebo-me que com muita sorte um papagaio não fica em menos de 500€ / 650€.
Como se já não bastasse esta desilusão, depois de contar tudo à minha melhor amiga ela vira-se para mim e diz:
- Se calhar é melhor comprares um macaco! XD



P.S.: História 100% verdadeira...
Quero mesmo um papagaio :)


segunda-feira, 16 de abril de 2012




16-04-2012 a 23-04-2012 

"A distância não faz com que me esqueça de ti, ela apenas aumenta a minha ansiedade em te ter por perto outra vez."


Acho que todos concordamos que a distância, seja ela curta ou comprida, não trás esquecimento, na maior parte dos casos ela encobre o passado e, possibilita-nos fingir que o esquecemos, mas ele está lá. O ser humano é dotado de instintos e impulsos e por vezes tentamos encobrir aquilo que não nos convém que seja exposto, os nossos sentimentos, por exemplo. Ontem, passei a tarde entregue à leitura, e uma das maiores conclusões que tirei foi que por vezes, procuramos sair da nossa zona de conforto na tentativa de mostrar-mos aos outros que somos fortes, quando na verdade só temos que o provar a nós mesmos, temos de ser nós os primeiros a acreditar nisso! Enquanto lia "Os livros que devoraram o meu pai" (um livro de Afonso Cruz), pude constatar que  existem alturas da nosso vida em que, ao tentar-mos diminuir o nosso sentimento de culpa, ferimos as outras pessoas e revela-mo-nos quem não somos. Umas das personagens deste livro, dotada por impulso momentâneo, foi culpada por duas mortes totalmente infundadas, depois de algum tempo presa ela percebeu o mal que tinha feito e o sentimento de culpa era tal que ele já nem conseguia dormir. É então que esta personagem toma a atitude mais (im)previsível da sua vida: começar a matar pessoas sem qualquer razão. Sabem porquê? Porque quando algo na nossa vida se torna banal, deixa de ser importante para nós, deixa de nos pesar... era assim que pensava Raskolnikov, até se aperceber que o que estava a fazer só iria piorar a sua consciência... Acho que não vale a pena dizer mais nada, o melhor é cada um reflectir e chegar às suas próprias conclusões.

domingo, 15 de abril de 2012




A pergunta de hoje chega-nos da Capital Europeia da Juventude, Braga, e o seu autor é o João Paulo Dias, a quem, desde já agradeço a colaboração nesta rubrica.
Ora, vejamos a questão:

"Olá Ana. Escrevo-te de Braga e chamo-me João Paulo Dias. Vi esta rubrica no teu blogue (que já sigo à algum tempo) e aproveito para te colocar a minha questão, que é a seguinte: Como costumas organizar a tua rotina para conseguires actualizar o blogue frequentemente?! É difícil gerir um blogue já há dois anos?!"

- Olá João! É um prazer responder à tua questão e, começo por dizer que nem sempre é fácil gerir tudo, mas, como eu costumo dizer, com boa vontade, tudo se consegue. Infelizmente, não consigo actualizar o blogue diariamente, nem tantas vezes como desejo, mas faço os possíveis para não estar mais de três dias sem o actualizar. Às vezes levanto-me quinze minutos mais cedo e venho actualizar o blogue, outra vezes deito-me quinze minutos mais tarde, e, quando tenho mais tempo livre, guardo numa pasta alguns materiais para próximas actualizações e quando tenho menos tempo recorro lá. Não se pode considerar algo "difícil", mas às vezes implica uma boa gestão de tempo e de prioridades e além disso é importante não desiludir os leitores, que neste caso não estão limitados só a Portugal mas um pouco por todo o mundo. Aqui não costuma haver muitos comentários, mas no e-mail dos blogue costumo receber vários comentários de pessoas que me "lêem" e que querem dar os "parabéns" ou então querem saber mais sobre mim e o meu livro, e isso acaba por ser muito gratificante. 
Obrigada pela questão. 
Beijinhos, Ana Filipa. 
Os separadores "Sugestões de Leitura" e "Agenda" já se encontram actualizados!
Mais logo, poderão ver respondida mais uma questão, desta vez a pergunta semanal chega-nos de Braga (Capital Europeia da Juventude), e o responsável pela pergunta é o João Paulo Dias.
Amanhã poderão ver também actualizado o separador "Frase da Semana".
Até logo... :)

sábado, 14 de abril de 2012

Eternamente em mim

Penso em ti,
como se estivesses aqui,
os teus olhos brilham,
o teu olhar fascina-me.

Sinto saudades,
Mas assim aconteceu,
O amor de verdade, esse,
Ainda não morreu.

Ficaste comigo no coração,
E de ti lembro doçura,
Rosto sensível, de afeição,
Nostalgia que perdura.

Silêncio calmo de um sorriso,
Telepatia de um olhar,
O adeus e o até já,
A vontade de te abraçar.

É grande a minha saudade,
Desde que te vi partir,
Mas, sabes... amo sentir saudade,
Na verdade, ela faz a distância diminuir.

O teu último olhar, acompanha-me,
o teu sorriso fortalece-me,
o carinho que tenho por ti, permanece.

Na verdade, estamos apenas distantes,
um dia, vamos encontrar-nos,
nesse dia, vou poder abraçar-te,
num abraço que anseio desde que partiste...

Acredito no amor,
Enquanto ele existir, há vida,
Assim sendo,
Estarás sempre viva no meu coração!

---> Ensinaste-me a ler o carinho do teu olhar e de ti guardo as mais variadas memórias, partiste há 5 meses e parece que já foi há tanto tempo... mas, todos os dias me lembro de ti... fazes-me falta, faz-me falta o teu sorriso... mas, quero acreditar que no dia em que nos reencontrar-mos toda a dor vai passar :) 



quinta-feira, 12 de abril de 2012

Olá :) 
Por enquanto vou fazer uma paragem na história da Maria, mas logo que consiga, deixo-vos o final, ainda faltam umas II ou III partes para acabar a história completa :)
Sabem... a noite passada tive um sonho, mas desta vez não foi só mais um sonho, nem um sonho sem pés nem cabeça, e não querem lá ver que daí surgiu inspiração para um novo livro... Ainda não posso adiantar nada, porque eu própria não sei como se vão desenrolar as coisas, mas nas férias de Verão vou iniciar um novo projecto, além do que estou a escrever agora "Onde está o amor?!", que ainda não está nem a meio! 
Vou dando notícias e... já sabem que serão sempre os primeiros a saber todas as novidades!
Beijinhos,
Ana.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Maria, A menina que via para lá das estrelas - Parte III



Quanto ao rei João, a tristeza lia-se-lhe no olhar cabisbaixo. As palavras amargas, fruto do enorme desgosto que sentia, foram surgindo, e Irina não escapou às sentenças cruéis a que o pai tinha exposto toda a corte. Se a revolta era grande, agora, mais do que nunca, era praticamente impossível suportar tudo o que a rodeava. A dor que sentia já era, só por si, algo devastador, mas, mais devastador ainda era ouvir as baboseiras frias que o pai teimava em descarregar a torto e a direito, fosse em cima de quem fosse. Estava a sofrer, ela sabia disso, mas, ela também estava a sofrer, muito, e quem a poderia ajudar? Ninguém! Com o pai num estado de pura angústia, sem a mãe, e ainda por cima filha única, estava por sua conta e risco, no entanto, não podia fugir, não podia libertar-se agora e deixar o pai nas mãos alheias que o iriam levar, muito provavelmente, à doença, ou quem sabe, até mesmo à morte…
Irina não teve uma adolescência fácil! A vida às vezes é matreira e, para Irina, foi até mesmo, bastante injusta. A falta do carinho da mãe, a falta das conversas “femininas” que mãe e filha tinham de quando em quando, os porquês que ainda estavam por responder, as dúvidas, as incertezas próprias da idade, os desejos ou até mesmo a sede de liberdade que por mais que fosse parecia tardar. Irina sentia-se a desesperar, a cada dia que passava era mais difícil manter-se ali, hirta, fazendo de conta que tudo estava bem. O sorriso estava cada vez mais desvanecido e a alma cada vez mais distorcida por mil e uma coisas, algumas delas verdadeiras complicações, crises passageiras pelas quais todos os adolescentes passam (sem excepção). Aprender a lidar com a dor é, só por si um enorme obstáculo, duro de ultrapassar. O tempo abre umas feridas e cura outras, é como que um ciclo giratório simples ao qual nós nunca nos iremos habituar, por mais que o façamos irá sempre causar impacto.
Se me perguntarem se Irina era feliz naquela altura, responder-vos-ia que talvez ela não fosse feliz, talvez ainda não tivesse maturidade suficiente para lidar com os pequenos e grandes desastres que a vida já lhe proporcionou, talvez ainda não passasse de uma pequena aspirante a princesa, jovem, solteira, com um coração imenso mas, sem dono.
Certo dia, Irina, domada pelo desespero, decide sair de casa e ir ao encontro da tão desejada liberdade que havia procurado durante anos mas, sempre sem sucesso. Fugir seria um acto que muitos considerariam inconsciente. Talvez fosse, ou talvez não. Ela sabia que este acto, inconsciente ou não, lhe traria consequências, aliás como todos os nossos actos, mas, a grande questão era: Estaria ela disposta a arcar com as consequências de tal acto?! Talvez sim, talvez não, mas, ainda era muito cedo para se saber a resposta correcta a esta pergunta.
Arrumou um monte de roupas numa mala velha, empoeirada há muito pelas habituais teias de aranha do sótão, juntou algumas peças de valor para ela e despediu-se daquele quarto gigante que já conhecia de cor e salteado. Agora estava entregue ao destino, sobreviver era um dos obstáculos, saber como sobreviver era a meta que ela teria de alcançar para um dia conseguir ser aquilo que sempre ambicionou ser, FELIZ!
Preparou uma corda feita de lençóis, amarrou-a à ponta da cama, atirou as suas coisas pela janela do quarto (que ficava nas traseiras do castelo) e, desceu por ali abaixo, pronto para dar um novo rumo à sua vida. Corajosa não?! É claro que o medo a assombrava, iria ter de ultrapassar muitos dos pavores que foi desenvolvendo ao longo dos tempos, agora só dela dependia a sua vida, só ela poderia descobrir o que era certo e errado, só ela tinha o poder de decisão, mas, não seria ela a única a sofrer as consequências! Depois da fuga, esgueirou-se pelo bosque. O medo aterrorizava-a, mas, o que fazia dela uma pessoa corajosa não era não ter medo, era o facto de ela ter medo e de o crer combater, isso sim é a verdadeira coragem.
O rei João só se apercebeu do sucedido horas depois. Tal como seria de esperar, o pânico apoderou-se dele e, quase de imediato ordenou aos seus guardas que fosses procurar filha, a última pessoa que ele esperava que o abandonasse.
Irina entranhou-se por entre bosques e clareiras e, nunca mais ninguém a viu. Passaram-se dias, meses, anos, o rei estava velho e já sem esperança de voltar a ver a sua filha antes de partir. Possivelmente Irina não pensava voltar. O trono e a realeza nunca foram nada que a fascinasse, sempre se preocupou em ser ela própria, em respeitar todos os que a respeitavam, em viver uma vida pacata, desvalorizando sempre os bens materiais e dando muita importância aos sentimentos que a iam confrontando.
O rei João, que entretanto falecera, havia deixado escrito no seu testamento que, apesar de tudo o que Irina lhe fez, e do imenso desgosto que lhe causou ao fugir, naquela noite de Verão, os seus bens ficariam entregues a ela e que, se um dia ela quisesse voltar ao castelo, as portas estariam sempre abertas e o seu quarto sempre pronto para a receber. 


Continua...

sábado, 7 de abril de 2012

Mensagem Pascal


      

Não vou alongar-me muito, porque creio que cabe a todos a reflexão individual desta época que será certamente muito para lá das amêndoas e dos ovos de chocolate (que sabem tão bem!). A Páscoa é um momento de purificação, cheio de simbolismo. Independentemente das tradições diversas por todo o país, celebramos todos o mesmo acontecimento, a Ressurreição de Cristo, depois da sua morte e crucificação.
Purifiquemos os nossos corações de toda a mágoa e tristeza, dando assim lugar à alegria e ao convívio que nos ajudam a enfrentar os problemas e a seguir em frente.
Desejo a todos uma óptima Páscoa, e sim... deliciem-se com as amêndoas e os ovos de chocolate, mas não comam muitos para não estragar a silhueta (ehehe).



Faço uma pequena interrupção na história da Maria, para vos apresentar a frase desta semana... mais logo, passo por cá para vos deixar a minha mensagem Pascal, mas desde já vos desejo a todos uma excelente Páscoa, com muitas amêndoas, mas acima de tudo muito amor e carinho, muita paz e saúde :)

07-04-2012 a 15-04-2012 

“Há coisas que o coração não esquece, apenas se mostra disposto a aceitar...”

Se me perguntarem se me esqueci de todas as vezes que já me chateei, irei que responder-vos que apenas algumas o tempo apagou, porque há sempre as que ficam e que fazem moça, que deixam marca, que magoam e que se tornam impossíveis de esquecer. Se perguntarem agora se sou rancorosa, digo-vos que não, não guardo rancor, o tempo passou e por mais que erros e chatices tenham ficado gravadas do passado, de nada vale guardar-lhes ódio, mas vale aceitá-las como passado, por mais que saibamos que nunca as esqueceremos. Aceita-mo-las porque não vale a pena viver inconformado, fosse a inconformidade fazer o tempo voltar atrás e demolir todos os erros, todos os pecados e todas a chatices que já vivi e cometi, seria então a pessoa mais inconformada à face da Terra, mas ao revés disso, revolta trás tristeza, faz-nos pessoas solitárias, torna-nos infelizes...
Ninguém nos pede para esquecer, porque há coisas que o tempo não leva e sorriso não apaga, mas são essas mesmas coisas que o tempo pode disfarçar e um sorriso pode enfrentar, mesmo tendo elas acontecido, podemos-lhes fazer face e seguir em frente, guardá-las num baú e deixá-las por lá ficar.
Mostre-mo-nos dispostos a seguir um caminho de felicidade e assim, fortalecidos, venceremos tudo o que nos magoou ou magoa, tudo o que nos aterroriza, enfim, dos fantasmas que outrora nos venceram.

(ATUALIZADO também no separador "Frase da Semana")

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Maria, A menina que via para lá das estrelas - Parte II


João era então o actual rei, casado com Isabel (a rainha) através de um acordo entre famílias, há cerca de duas décadas atrás, era um rei fiel à sua pequena grande aldeia, onde todos os habitantes lhe tinham muito respeito e grande consideração. Não era o género de rei mau, tipo aqueles das histórias com seres fantásticos e sobrenaturais. O rei João era um rei dedicado ao povo, àqueles que precisavam. Amava Isabel, provavelmente aprendeu a amá-la com o tempo. Casaram muito novos, as suas famílias conheciam-se já há algum tempo mas, João e Isabel apenas se conheceram no dia do casamento que as suas famílias lhes haviam aprontado. Desconhecidos natos, sem qualquer tipo de sentimento em comum e um pouco envergonhados, viram-se obrigados a cumprir com aquilo que alguém tinha decidido por eles, ser o seu futuro. Tiveram de aprender a conhecer-se, a viver uma vida em comum, a respeitar-se (principalmente nas suas diferenças), a amar-se, ainda que não fosse a tarefa mais fácil. Mas, agora Isabel estava doente e o rei nada mais podia fazer do que continuar ao seu lado e garantir que nada lhe faltava, nomeadamente todos os remédios e regalias. Não queria perdê-la, sabia que ela lhe fazia falta, sabia que precisava dela para o ajudar a cuidar e educar a filha, a princesa Irina, que era ainda tão nova. Uma menina deslumbrante, ingénua, inofensiva, desprotegida… enfim, uma menina que ainda não sabia distinguir o bem do mal e, a quem nunca faltou com nada.
Talvez essa opressão, esse cuidado imenso e infundado em proteger Irina, a tenham impedido de voar, de alargar os seus horizontes e de conhecer melhor o mundo que a rodeava e que, apesar de algo perigoso, também era muito belo e digno de ser apreciado. Ao crer protegê-la, o rei João acabou por aprisioná-la, num mundo pequenino e limitado, sem espaço suficiente para ser feliz. Irina acabou por crescer oprimida entre horizontes fechados, desconhecida de um mundo enorme, na consciência imatura e na ilusão causada pelo desejo de querer conhecer mais do que aquilo que sempre lhe fora possível. Sonhar era a sua maior arma, a melhor forma de se abstrair da prisão que sentia, o melhor modo de se sentir livre daquele mundo rotineiro que já conhecia de cor e salteado. Precisava de mais, sonhar não bastava, precisava de saber se os seus sonhos correspondiam realmente à verdade ou se, pelo contrário não passavam disso, de sonhos sonhados por uma jovem princesa deslumbrante de que todos ouviam falar mas que tão poucos conheciam…
A rainha Isabel sobreviveu à peste e manteve-se no trono durante mais alguns anos mas, não podia desdizer o rei João, apesar de compreender o sofrimento da filha e de compreender que ela precisasse de conhecer melhor o mundo à sua volta, nada podia fazer para que isso fosse possível, o rei era quem sempre tinha a primeira e a última palavra e, por mais que quisesse, não podia contrariá-lo nem tão pouco aconselhar a filha a desobedecê-lo.
Resignadas aos seus pequenos horizontes, aos seus mundinhos ilusionistas, mãe e filha viveram sempre sobre o controlo de um marido e de um pai preocupado, cuidadoso, mas que nunca as deixou conhecer os verdadeiros prazeres da vida.
Irina cresceu, mas, à medida que os anos aumentavam, aumentava também a sua curiosidade e revolta por nunca ter conhecido bem aquilo que a rodeava e que a poderia fazer muito feliz.
Revoltada com a ideia do pai sempre a ter protegido tanto e nunca a ter deixado ser quem realmente devia e queria ser, Irina estava profundamente determinada a impor-se e a impedir que alguém, excepto ela, mandasse na sua vida (ainda muito imatura e irresponsável).
Queria fugir, queria sair daquele castelo enorme onde a tinham feito viver dia e noite durante imenso tempo, tempo demasiado. Estava na hora de seguir o seu próprio rumo, de aprender às custas dos seus erros, de ser alguém com vontades próprias, de seguir os seus instintos, estava na hora de ser feliz!
A rainha, que entretanto falecera, deixou saudades, especialmente em Irina. Mais do que uma rainha, Isabel era mãe, uma mãe doce e orgulhosa, uma mãe que apenas queria a felicidade da filha e que, por mais que a quisesse ajudar a concretizar essa felicidade, não podia. Talvez tenha morrido com a mágoa de ter deixado a filha sozinha, entregue a um pai que tudo fazia para a proteger mas que, mesmo sem se aperceber a estava a impedir de seguir o futuro feliz que tanto desejava. Um pai dócil, simpático, mas, teimoso demais para permitir que os demais se intrometessem na educação da sua filha, excluindo quaisquer conselhos que viessem de fora. Isabel foi, para Irina, um apoio. Ela sabia que a mãe nada podia fazer em seu benefício, mas, o carinho reconfortante com que sempre a tratou, a forma terna como lhe afagava as lágrimas, o sorriso contagiante e o orgulho imenso que não deixavam dúvidas, faziam de Isabel uma mãe exemplar. Foi da boca dela que Irina ouviu os maiores elogios, os maiores incentivos. Como poderia ela esquecer a pessoa que a trouxe ao mundo, ainda que por vezes já tivesse desejado que tal nunca tivesse acontecido, Irina sabia que, com o falecimento da mãe, uma parte dela também iria murchar, talvez agora a força e a garra com que todos os dias acordava, já não fossem as mesmas, talvez agora o sorriso se desvanecesse mais facilmente o brilho no olhar se tornasse quase despercebido. Talvez agora que estava sozinha não conseguisse resistir ao sufoco que era aquelas quatro paredes, aquele quarto escuro onde passou metade da sua vida, dias e noites a fio, sempre sonhando, sempre encorajada por uma pessoa que agora já só poderia fazer parte do seu álbum de recortes, da sua memória, da sua história, Isabel.

Continua...
P.S.: Estão a gostar??

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Maria, A menina que via para lá das estrelas

Olá! Hoje deixo-vos uma pequena história que tenho vindo a escrever, reparei que as mini-séries postadas anteriormente no blogue tiveram muito sucesso e por isso decidi dar-vos a conhecer está história que ando a escrever, ainda não está acabada, mas já tem umas boas páginas... Espero que gostem e, não se esqueçam de deixar os vossos comentários!


Maria, A menina que via para lá das estrelas
Parte I

Há muitos, muitos anos atrás, fomos encontrar, num lugar algures situado no mapa, uma aldeia onde tudo era mágico e simplesmente belo…
Certo dia, nasceu nessa aldeia tão mágica e maravilhosa, uma menina muito, muito especial, a Maria. Tinha longos cabelos doirados, reluzentes como ouro, e pequenos olhos redondos, cor de caramelo. Uma boca pequenina, de lábios vermelhos e dentes esbranquiçados. Tão esbelta que seria, possivelmente, uma boa candidata a princesa.
Acabada de nascer no seio de uma família muito pobre, Maria estava destinada a um futuro madrasto, tal como havia acontecido com as suas duas irmãs Joana de apenas doze anos, e Sara, de quatorze anos.
Desde muito cedo que Joana, a irmã de Maria, fora obrigada a trabalhar para poder comer o único pão que lhe estava destinado por dia, bem como Sara, a irmã mais velha que trabalhava todos os dias de sol-a-sol, para garantir o bem-estar de Joana e agora de Maria, o mais recente membro da família. Gordinha e anafada, sempre bem-disposta e muito sorridente, Joana era assim, um dos poucos pilares da família. No que toca a Sara, sempre pronta a trabalhar e com um sentido de humor indiscutível, sempre fora habituada a trabalhar para garantir a sua sobrevivência.
Mas bem, a família de Maria não era uma família qualquer, nem tão pouco igual às outras, era uma família, também ela, muito, muito especial e invulgar. O pai de Maria, um homem alto, sério, sem ponta de sentido de humor ou até mesmo, compaixão, foi obrigada a trabalhar desde muito cedo, talvez por isso agora obrigue também as suas filhas a fazê-lo. Depois de uma infância sofrida, o rapaz pobre que havia ficado órfão logo após completar nove anos de idade, conhece uma das jovens mais belas e conceituadas de toda a aldeia mágica, Irina, uma bela jovem princesa. Nascida em berço de oiro, no conforto de uma corte endinheirada e muito invejada por todos, Irina era uma jovem adolescente muito despreocupada com tudo à sua volta. Simpática, de cabelos compridos e vestes curtas, era a rapariga com que todos sonhavam, mas, que só um jovem muito digno poderia ter.
Naquela altura, estaríamos nós por volta do ano 1900, toda a corte se questionava sobre o fim da tão cobiçada princesa que um dia seria coroada rainha, a rainha mais perfeita que alguma vez já havia ocupado o trono. Os cochichos ouviam-se por toda a parte, e em toda a corte se vivia um ambiente místico, rígido, irónico, mas ao mesmo tempo calmo e agradável…
Acontece que, a então actual rainha, mãe de Irina, havia adoecido há uns tempos atrás. Especulava-se por toda a corte que ela estaria muitíssimo doente e que até já delirava com tanta febre. Mandaram abençoá-la, fizeram-se rezas e mesinhas, mas, não havia melhoras. Estaria a rainha afectada pela doença mais antiga de todos os tempos, a peste?!
- Será que vai morrer?! – perguntavam todos aqueles que  conheciam o estado de saúde da rainha.
 Seria, segundo dizem, a segunda vez que uma rainha adoecia com a tão dolorosa peste que ao longo dos anos matou milhares e milhares de pessoas. Será que a aldeia estaria prestes a ser abalroada por uma nova onda de peste, que levaria novamente imensas pessoas à morte (incluindo a rainha)?!

Continua...

segunda-feira, 2 de abril de 2012


És…
INSUBESTITUÍVEL, INCONFUNDÍVEL, INFANTIL,
AMIGO, CARINHOSO, PREGUIÇOSO, TÍMIDO,
MISTERIOSO, INSTÁVEL, ATENTO, SORRIDENTE,  
SIMPÁTICO, IRREVERENTE, INSENSATO, INJUSTO,
 ESPECIAL, ÚNICO, TOLERANTE, ESPONTÂNEO, DE-
SAFIADOR, ALEGRE, IMAGINATIVO, CIÚMENTO,
PROFUNDO, DISTANTE, IMPULSIVO, ENVERGO-
NHADO, PATETA, CURIOSO, AGITADO, NERVOSO,
DESORGANIZADO, MANIPULADOR, MENTIROSO,
ALDRABÃO, SOLITÁRIO, INGÉNUO, EXCÊNTRICO,
RESSENTIDO, VICIANTE, INDIFERENTE, INOCENTE,
INTERESSANTE, CONQUISTADOR, INFLUENCIÁVEL,
EMOTIVO, CORAJOSO, INABALÁVEL, SUPERFICIAL,
HUMANO!

domingo, 1 de abril de 2012

Por louca me descobri

Onde estás? 
Para onde foste refugiar-te?
Certamente para longe,
Porque há muito que te procuro,
e nunca te encontro!

Porque partiste sem regresso?
Porque me deixas-te aqui, assim?!
Sabias que sem ti ia doer,
e que somente ficaria o vazio.

Deixaste-me em prova,
entregue à pressão de não te ter,
às lágrimas que caíram por entre o rosto,
à escuridão que me impedia de seguir caminho.

Eu tentei, não digas que não,
mas eu não sou tão forte quanto julgam,
eu também quebro, sou frágil...

Num momento em que te julguei um abrigo,
partiste na noite e deixaste-me desamparada.
Na chuva vi pingos de tristeza e solidão,
e no chão, salpicos de angústia congelada pelo frio.

Tive dó de mim, lastimável mulher,
gritei, chamei por socorro, 
ninguém veio em meu auxílio,
senão a loucura, por essa, não esperava.

Entreguei-me a cargo dela e o tempo passou,
aos poucos, tornei-me desconhecida de mim,
mas tudo o que queria, era esquecer-me de ti...

Não reclames se voltares e eu não estiver,
não te arrependas porque sofri,
não eras quem julgava, traíste-me,
no fundo destruíste o meu passado,
mas não o farás no meu futuro.