"- Pam! É a Emilie.
Voltei a dirigir-me
para o sofá. Nunca costumo esconder nada à Pan é como se fosse o meu diário,
sabe tudo sobre mim, mas hoje estava com dúvidas se lhe devia contar da
existência de um novo aluno na minha turma. Ajeitei o corpo no sofá e cobri-me
com uma manta que habitualmente costuma estar dobrada por cima das minhas
pernas. A Pan sabe que não me costumo apaixonar facilmente e que não sou
propriamente daquelas taradas que mal vê um rapaz giro não pensa noutra coisa.
O Lucas era diferente, despertou a minha atenção de uma forma muito invulgar e
inesperada. Por um lado apetecia-me contar-lhe, desabafar com ele e saber se
era normal eu não conseguir parar de pensar nele, alguém que só conheci hoje e
de quem só sei o nome. Conto, não conto, que faço?!
- Ah, olá Emmy. Como
estás? – disse ela com uma voz algures entre o triste e o ensonado.
Apetecia-me deixar sair
tudo cá para fora, contar-lhe tudo mas não queria que ela achasse que estou
apaixonada, o que se calhar nem é mentira, mas a Pam pode tornar-se muito
teimosa e chatinha quando descobre que alguém está apaixonado.
- Olá Pan! Estou bem, e
tu? Acordei-te? Desculpa mas, pensei que ainda fosse cedo e que estarias
acordada…
Estou prestes a
explodir, não consegui omitir nada à Pam. Estava tudo bem, mas algo estava
errado. Não acredito em amor à primeira vista. Não acredito que me tenha
apaixonado por ele logo da primeira vez que o vi. Talvez esteja a confundir
amor com atracção ou simplesmente alguém com quem simpatizei. Será que por esta
hora as outras raparigas da minha turma estariam a sentir o mesmo? Lançou-nos
um feitiço a todas e agora não conseguimos abstrair-nos dele. Estamos
deslumbradas!
- Não, não me acordaste,
estou apenas cansada. O curso está cada vez mais intenso e temos de dar tudo
por tudo neste última fase. Talvez daqui a uns dias possa ir ter contigo para
fazer uma visitinha.
Let’s go! Queria que
ela viesse, gosto de ter a companhia dela. Ao mesmo tempo faz-me esquecer os
meus problemas e ajuda-me a perceber algumas coisas que sozinha não sou capaz.
Nunca fui uma pessoa muito mimada, até porque vim para Portugal aos dezasseis
anos e tive de aprender a fazer tudo sozinha, mas, na ausência dos pais sabe
sempre bem ter companhia, especialmente quando essa companhia nos compreende."
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